Retornando ao começo

Retornando ao começo

Diário de bordo do viajante 


    Hoje me deparei comigo mesmo. Sim. Por algum motivo me deparei com este blog que comecei em 2011 e revisitei sensações antigas que tive há mais de 10 anos. Lembrei como pensava e interpretava fatos em relação à Bíblia e, porque não dizer, á vida. 

    O mundo era literalmente outro em 2011. Mal tínhamos redes sociais e os celulares touch começavam a ser mais facilmente encontrados nas prateleiras das lojas. 

    Hoje, cercados por discussões de onde a Inteligência Artificial deve ir e reformas políticas, administrativas e até movimentos espirituais dentro das igrejas, o mundo é outro desde a minha última postagem (te convido a ver a data da postagem anterior). Faço questão de deixá-las la. Todas. Quero ler e pensar: Caramba! Eu pensava isso mesmo? Que viagem!

    Não sei qual é o alcance dessas publicações e muito menos o impacto delas, se é que haja algum. Isso seguirá sendo um diário de bordo da minha vida. Reflexões sobre como as coisas aconteceram e como chegaram até aqui. 

    Hoje me deparei com alguns pensamentos que frequentemente vem a minha mente: Qual é o meu papel aqui? Quão relevante é minha participação nesse mundo? O quanto posso influenciar a vida dos outros com minha vida e até onde minha voz consegue ecoar nesse emaranhado de informações e influências que cerca nossa vida. 

    Minha vida deu tantas voltas. Me casei, fui eleito vereador por dois mandatos. Algo completamente impensável até para meus amigos próximos. Não pela descrença deles, mas principalmente pela minha própria. Às vezes somos os maiores desincentivadores dos nossos sonhos e do nosso inexplorado potencial. 

    Meu momento de reflexão sobre a vida tem hora marcada: meu banho. É la que eu encanto as multidões com meu talento vocal, que debato sobre as correntes filosóficas do ceticismo com meus escritores favoritos, analiso as canções dos talentos mundiais, debato com os maiores políticos. No banho posso ser tudo. É meu momento de epifania úmida.  Faltam momentos como esses às vezes na vida. Acreditar que podemos ser mais que simples seres humanos. Nos desprender das nossas limitações e deixar a imaginação de cinco anos tomar conta, mesmo que por um momento breve. 

    Lembro do apóstolo Paulo divagando consigo mesmo: "Não que eu ja tenha alcançado, mas prossigo para o alvo…".

    Ele parecia tão certo de que não sabia bem qual era o alvo, mas pelo menos sabia para onde deveria ir. Certezas como essa nos faltam na vida. A insegurança que as situações cotidianas nos trazem faz com que tenhamos uma percepção limitada e uma visão turva sobre nosso futuro. Essa insegurança nos faz perder o foco, pensar em parar. Mas Paulo não. Paulo era seguro. Paulo era decidido. Qual é o nosso objetivo, Paulo? Não sei. Mas o caminho é pra cá. Sigam-me os bons! 

    Retornar para o plano inicial pode parecer estranho após caminhar tanto tempo. Nosso objetivo no fundo, nunca deixou de ser o mesmo. Nossas prioridades que parecem ter tomado a dianteira, fazendo com que aquilo que um dia foi algo importante se tornasse secundário. 

    "Não que eu ja tenha alcançado." Paulo sabia que tinha mais, que o objetivo ainda não tinha sido plenamente atingido. Nós, que somos acostumados com metas e objetivos, poderíamos pensar que Paulo não sabia aonde estaria indo. Como um escoteiro caminhando no meio da mata e guiando seus colegas, mas com um mapa de cabeça para baixo. Mas não Paulo. Paulo poderia não saber bem o objetivo, mas sabia claramente qual era o caminho. Ele era claro como o dia. E ele sabia que tão importante quanto o objetivo, talvez mais ainda, seria o aprendizado que o caminho tinha a oferecer a ele. 

    Vou te dar um exemplo pessoal. Meu carro deu problema. Simplesmente morreu. Que Deus o tenha. Só não faço o seu funeral, pois o mecânico conseguiu ressuscitá-lo do além antes. Pode ser que consiga novamente, contando que libere uma boa quantidade de orações em forma de pix. Não sei bem o objetivo, mas sei que preciso aprender algo durante essa caminhada. Que literalmente será uma caminhada, uma vez que estou a pé nessas próximas semanas. 

    Vamos aprender com aquilo que nos propusemos desde o começo. Tão importante quando o objetivo é o que aprendemos na caminhada. Ao longo desses longos anos de blog, sou outro. Mudei. Revi algumas coisas e descobri outras. 

    Dizem que a mesma água nunca passa debaixo da ponte duas vezes. Toda vez que nos propusermos a enfrentar as águas da vida, ela nos mudará um pouco. Pode ser que valha a pena ir naquele lago que você ia quando criança. Pode encontrar coisas novas nos caminhos antigos. Bastar olhar novamente. 

    O que isso tudo quer dizer? Não sei bem. Também estou tentando descobrir ao longo desse caminho.


    Talvez é só voltar. Voltar ao início.

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