Patativa do Assaré, a voz do nordeste




Estava eu um dia dessa semana vendo um programa da Cultura que se chama Sr. Brasil. Não sei se alguem ja teve a oportunidade de ver. É bem interessante. É um programa musical sobre musica popular brasileira do tipo sertaneja, baião, músicas folclóricas...

Num programa desse assisti dois seresteiros que tocavam acordeão. Eles cantaram uma musica de um cara que eu nunca tinha ouvido falar... seu nome: Patativa do Assaré. A musica e a poema eram dele. Achei aquilo lindo!!! E olha que eu não gosto muito do estilo de musica seresteira, apesar de não negar a sua importância cultural como brasileiro.

Achei que seria bem legal divulgar um cara que ja é muito conhecido por muitos mas desconhecidos pela maioria. Vai aqui uma parte da biografia dele:
"Uma das principais figuras da musica nordestina do século XX. Segundo filho de uma família pobre que vivia da agricultura de subsistência, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença. Com a morte de seu pai, quando tinha oito anos de idade, passa a ajudar sua família no cultivo das terras. Aos doze anos, freqüenta a escola local, em que é alfabetizado, por apenas alguns meses. Mesmo antes disso já compunha versos próprios, os quais ele decorava. Aos dezesseis anos sua mãe vende uma ovelha e lhe dá sua primeira viola. À partir dessa época, começa a fazer repentes e a se apresentar em festas e ocasiões importantes. Por volta dos vinte anos recebe o pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do canto dessa ave..."

E aqui vai uma parte de um poema dele chamado Nordestino sim, Nordestinado não.

" Nordestino sim, Nordestinado não (Patativa do Assaré)



Nunca diga nordestino
Que Deus lhe deu um destino
Causador do padecer
Nunca diga que é o pecado
Que lhe deixa fracassado
Sem condições de viver

Não guarde no pensamento
Que estamos no sofrimento
É pagando o que devemos
A Providência Divina
Não nos deu a triste sina
De sofrer o que sofremos

Deus o autor da criação
Nos dotou com a razão
Bem livres de preconceitos
Mas os ingratos da terra
Com opressão e com guerra
Negam os nossos direitos

Não é Deus quem nos castiga
Nem é a seca que obriga
Sofrermos dura sentença
Não somos nordestinados
Nós somos injustiçados
Tratados com indiferença

Sofremos em nossa vida
Uma batalha renhida
Do irmão contra o irmão
Nós somos injustiçados
Nordestinos explorados
Mas nordestinados não

Há muita gente que chora
Vagando de estrada afora
Sem terra, sem lar, sem pão
Crianças esfarrapadas
Famintas, escaveiradas
Morrendo de inanição
...

Mas não é o Pai Celeste
Que faz sair do Nordeste
Legiões de retirantes
Os grandes martírios seus
Não é permissão de Deus
É culpa dos governantes

Já sabemos muito bem
De onde nasce e de onde vem
A raiz do grande mal
Vem da situação crítica
Desigualdade política
Econômica e social

Somente a fraternidade
Nos traz a felicidade
Precisamos dar as mãos
Para que vaidade e orgulho
Guerra, questão e barulho
Dos irmãos contra os irmãos

Jesus Cristo, o Salvador
Pregou a paz e o amor
Na santa doutrina sua
O direito do bangueiro
É o direito do trapeiro
Que apanha os trapos na rua

Uma vez que o conformismo
Faz crescer o egoísmo
E a injustiça aumentar
Em favor do bem comum
É dever de cada um
Pelos direitos lutar

..."


...paz, música e Jesus...

Comentários

  1. Querido! Que bom que está aqui também!
    Adorei ler seu post. Eu tenho muitos amigos nordestinos (autores de livros e gente de expressão) aqui na blogosfera, desde 2003, quando iniciei. Eles me apresentaram Patativa e desde então respeito demais sua obra! Bomd emais ver gente jovem como você gostando de coisas boas!
    Beijo e saudades!

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